Pesquisa, estudos e apresentação da candidatura à UNESCO

O principal objetivo deste lote é o de compilar as festividades de inverno do território ZASNET, construindo uma base de dados exaustiva de todo o património existente, por território, localidade, nome da celebração e data, de forma a promover uma candidatura conjunta à UNESCO para declaração de Património Imaterial da Humanidade.

Ações executadas
Este projeto iniciou-se com a criação de uma base de dados exaustiva das Festas de Inverno do território ZASNET, contactando-se por email e/ou telefone 819 localidades, realizando-se entrevistas com agentes sociais e atores-chave em diferentes localidades e promovendo uma pesquisa de bibliografia existente – documentação em arquivos, consulta bibliográfica, arquivo documental e audiovisual.
Em sequência, implementaram-se atividades de divulgação e ações de sensibilização com o objetivo de criar sinergias e acrescentar valor a todos os dados e conteúdos compilados. Neste contexto, o trabalho em rede foi realizado através do contacto com todas as partes interessadas das diferentes localidades com máscaras de Inverno no território ZASNET - associações, câmaras municipais, juntas da freguesia, comunidades, grupos de ação local e várias outras entidades como a Academia Ibérica da Máscara e Artesãos dos três territórios.
Com a organização do Simpósio, reunindo alguns dos melhores especialistas nesta área, pretendeu-se fortalecer os laços entre todos os agentes, contextualizar os trabalhos desenvolvidos, identificar problemas e orientações, partilhar estratégias, solidificar conhecimentos e definir caminhos a seguir.
No âmbito deste lote, foram desenhadas Redes de Património Cultural e Arquitetónico, relacionadas com o património cultural material de todo o território do ZASNET, através da elaboração de um inventário de redes de património de fortificações/núcleos arqueológicos pré-românicos, museus, centros de interpretação, aldeias fronteiriças, arquitetura rural tradicional, a Rota do Contrabando, a Via do Peregrino a Santiago e a Rota do Caminho Romano.
Os trabalhos desenvolvidos têm como principal objetivo a preparação da candidatura conjunta à UNESCO: “Máscaras de inverno da Raia Ibérica do antigo território Zoela:Trás-os-Montes, Zamora e Salamanca” como Património Imaterial da Humanidade .
Neste sentido, realizaram-se já reuniões com a UNESCO em Madrid para conhecer em detalhe o processo de candidatura e fizeram-se contactos com instituições e seus principais agentes em Espanha e Portugal para preparar documentação para a UNESCO. Para a criação do primeiro rascunho do formulário oficial efetuaram-se reuniões com a Direção Geral do Património Cultural da Junta de Castilla y León, definiu-se o objeto cultural da candidatura e enviaram-se mais de 120 cartas de apoio a todas as instituições de Espanha e Portugal.
 
Simpósio “Patrimonialização das mascaradas e sua valorização como Património Cultural Imaterial”
Reuniram-se, em Alcañices (Zamora), vários especialistas em mascaradas de Espanha (Zamora e Salamanca) e Trás-os-Montes (Terra Fria e Terra Quente) para debater sobre esta tradição que, durante o inverno, incorpora alegorias sobre a renovação da natureza e esconjura os males que ameaçam as comunidades.
Neste simpósio, que decorreu no dia 31 de maio, debateu-se também sobre as mudanças que os antigos ritos agrários sofreram e continuam a sofrer num novo contexto global e urbano. Este evento foi coordenado por Pilar Panero, secretária da Cátedra de Estudos sobre Tradição, Universidade de Valladolid.
No território de Terra Quente e Terra Fria transmontana e nas províncias de Salamanca e Zamora são conservadas cinquenta e uma mascaradas de inverno com diferentes graus de vitalidade. Em todos os casos são referências das comunidades em que se celebram os seus ritos.
Estas manifestações são importantes para a economia em algumas regiões, bastante afetadas pelo decréscimo demográfico e o isolamento económico. Pode-se dizer, pelo menos na maioria dos casos, que nenhuma destas festas tem o futuro assegurado, mas na maioria também se pode afirmar que as comunidades fazem o seu melhor para manter viva a tradição herdada dos mais velhos.
Nas mascaradas (embora tenham características comuns, não há uma exatamente igual a outra), o seu grande valor não reside nos elementos criativos ou sinistros das máscaras nem nas roupas, na música ou nas obras de artistas e profissionais, mas sim na força da participação da comunidade como um todo, dos vizinhos, dos que permanecem no meio ambiente e dos emigrantes que retornam e se identificam com elas.
A carga simbólica e a crítica social são os poderes que fizeram algumas das mascaradas sobreviverem e outras recuperarem de acordo com os altos e baixos da história.
É necessário refletir com as comunidades que continuam a celebrar o caos invernal da natureza e com todos os interessados nestas belas tradições sobre seu vigor e futuro.